sábado, 30 de março de 2013

Os mestres de São Chiquim...

*por AR


Meu irmão sempre diz que, para atingir o equilíbrio, a pessoa deve ser amada incondicionalmente por um cachorro e totalmente ignorada por um gato.
(Até concordo, mas tenho um cadinho de pena dos gatos nesta frase... Afinal, eles só são mais discretos em suas manifestações de carinho...)

Aí vem São Francisco e nos diz o que aprendeu com esses bichinhos:

"Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado..."

Pois é... Já pararam pra pensar o quanto de amor esses bichinhos podem nos ensinar? Não importa quantas prioridades tenhamos em nosso dia-a-dia, ou quanto "ignoramos" nossos amiguinhos, quando chegamos em casa tem sempre festa! Se um rabinho balançando tanto que parece que o bichinho vai voar, ou um ronronar satisfeito se enroscando em nossas pernas, a demonstração de amor é sempre grande.

Ou seja: não importa o que a gente ofereça para eles. Eles SEMPRE nos dão o seu melhor, mesmo quando não recebem o mesmo em troca.  Mas continuam oferecendo, e oferecendo, e oferecendo...

E não devem entender porque achamos tão difícil fazer o mesmo...


terça-feira, 19 de março de 2013

Diário de Uma Motorista

*por AR


Poucas coisas me irritam tanto quanto o trânsito.

Todo dia eu pego o carro e me condiciono a ter paciência para não sair por aí  levando sustos e tendo que inventar novos palavrões, mas é difícil. É um festival de barbeiragens, desrespeito, imprudência, imperícia, imbecilidade...

Fico tentando decifrar, enquanto ando a 10Km por hora em uma via de 50, o que de tão interessante tem pro sujeito da frente esquecer que o acelerador é ali do lado do freio... Eu até engulo o palavrão, mas a buzina é mais rápida... Sei que é feio e tal, mas pelo menos, o mautorista se toca e dá um jeito de acelerar ou sair da frente. Tem uns recalcados que diminuem ainda mais a "velocidade".

Aí, quando consigo me livrar do talzinho, vejo um outro que enfia a cara, o carro e tudo no meio da pista. Caramba! Será que o ponto cego dele tem 150º? Além do susto, do palavrão engolido e de algumas manobras radicais, você consegue parar para dar passagem ao cidadão. Ou desviar dele.

Mais um cadinho e um sujeito totalmente zémané para na sua frente. Simplesmente para... Assim, sem mais nem menos... Aí, sai um canhão vestido de periguete  do carro - praticamente em câmera lenta - e vai se despedir (!?!?!) pela janela do motorista... Pombas!!! (quase escapou um palavrão!) Nesse ínterim, os carros se acumulam atrás, as buzinas se fazem ouvir, o mundo gira, a maré sobe, desce, sobe... e mais um palavrão vira verbete no meu dicionário de palavras infames.

Ok. Mais um obstáculo ultrapassado. Ufa! Rio da minha mania de "Sr. Volante" e sigo em frente. No sinal, sou espremida por duas motos. Além do medo de assalto, fico relembrando minhas aulas de trigonometria e física, para calcular a área que tenho, deslocamento, fico me repetindo aquele lance de dois corpos não ocuparem o mesmo lugar no espaço... e rezo... o sinal abre, surgem mais uns três sei lá de onde e o apressadinho de trás, mesmo vendo meu sufoco para evitar a quebra de uma lei da física, vai com força na buzina de seu carro, me mandando sair da frente...

Saio, né... Perdi a razão quando buzinei lá atrás...

Aí, entra uma bicicleta na minha frente, com um projeto de mautorista no guidom, e uma pessoa resolve atravessar um sinal aberto pra mim, olhando com cara de "passa por cima que eu quero ver!".

Jesus, tire meu pé do acelerador!!!

Então respiro fundo... e acrescento mais um verbete do mal lá no livrinho negro (ops... sou Cypriano... melhor deixar esse lance de livro negro pra lá...). Enfim, invento um palavrão novinho em folha!

Na agência, tento estacionar, mas é impossível. Dá vontade de deixar o carro de novo em casa, mas resisto, pois sei que precisarei do carro por perto durante todo o dia... Ossos do ofício...

Então rodo, rodo, rezo pra alguém lembrar que esqueceu a panela de feijão no fogo, pegar o carro e me liberar uma vaga, até achar um espacinho pra mim.

Aí o dia acaba e resolvo ir pra casa. E me deparo com uma ruinha que mal dá para um carro passar... mas enfiaram um carro estacionado de cada lado e, logo depois um caminhão para fazer entrega pra um mercadinho menor que sua caçamba...

Caçamba!!! Haja!!!

Você vira na última rua antes de chegar no conforto de sua garagem e dá de cara, ou o outro lado, pra ser exata, de uma grávida brigando com o namorado e fazendo cena no meio da rua...

Meus sais...

Ando mais um cadinho e, quase lá, descubro que conseguiram fazer fila dupla na frente da minha garagem.
Não tenho que achar um motorista folgado e mal educado. São dois!!! E, claro, o primeiro demooora a aparecer, me obrigando a ouvir as grosserias de um cidadão que deve achar que ali o tal do E com um risco sobre ele nada mais é que uma limitação de vogais...

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sexta-feira, 1 de março de 2013

Quem merece nosso melhor?

*por AR

Não me considero uma grande filósofa e, às vezes, tenho até preguiça de pensar sobre certas coisas. Mas uma coisa eu sei: não damos valor ao que realmente importa. Ou não de forma proporcional.

Vejamos...
Onde usamos nosso melhor look? Fora de casa. Para, na maioria, estranhos que só vão te analisar, julgar e rotular.
Para quem oferecemos nosso mais belo sorriso e nossas melhores maneiras? Para, de novo, estranhos, ou pessoas que mal conhecemos. E muitos não darão a mínima...
Quando é mais fácil ajudarmos alguém? Quando esse alguém está longe. Conheço muitos que já mandaram até comida para a África, mas negaram um prato de comida para um pedinte em sua própria rua.

Pois é... no mínimo, a carapuça serve em um ou outro aspecto.

Ficamos bonitos e preocupados com a aparência na rua, mas ao chegarmos em nosso canto, obrigamos nossa família a nos ver descabelados, amarfanhados, desleixados. Até perfume só se usa da porta pra fora! 
Passamos o dia todo sorrindo e sendo cordiais com estranhos e, ao chegarmos em casa, despejamos todo nosso mau humor sobre as pessoas que nos amam.
Ajudamos a Etiópia, mas nossa cidade transborda problemas sociais e pessoas sofrendo preconceito.

Não proponho aqui um show de grosseria na rua, aliado ao embarangamento geral e jogando pão para o alto. É bom ver o bonito em qualquer lugar. Proponho valorizarmos quem merece de fato nosso melhor sorriso, nosso melhor aspecto, nossa maior ajuda. Podemos - e devemos - confiar nossas frustrações e expectativas a essas pessoas especiais, e não descontar nelas.

Elas sim, vão encarar nosso sorriso, nosso aspecto e nossas atitudes como as coisas mais lindas e importantes do mundo.

Mas vão se magoar muito caso tudo o que ofereçam seja retribuído na base da pedrada...
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