terça-feira, 19 de março de 2013

Diário de Uma Motorista

*por AR


Poucas coisas me irritam tanto quanto o trânsito.

Todo dia eu pego o carro e me condiciono a ter paciência para não sair por aí  levando sustos e tendo que inventar novos palavrões, mas é difícil. É um festival de barbeiragens, desrespeito, imprudência, imperícia, imbecilidade...

Fico tentando decifrar, enquanto ando a 10Km por hora em uma via de 50, o que de tão interessante tem pro sujeito da frente esquecer que o acelerador é ali do lado do freio... Eu até engulo o palavrão, mas a buzina é mais rápida... Sei que é feio e tal, mas pelo menos, o mautorista se toca e dá um jeito de acelerar ou sair da frente. Tem uns recalcados que diminuem ainda mais a "velocidade".

Aí, quando consigo me livrar do talzinho, vejo um outro que enfia a cara, o carro e tudo no meio da pista. Caramba! Será que o ponto cego dele tem 150º? Além do susto, do palavrão engolido e de algumas manobras radicais, você consegue parar para dar passagem ao cidadão. Ou desviar dele.

Mais um cadinho e um sujeito totalmente zémané para na sua frente. Simplesmente para... Assim, sem mais nem menos... Aí, sai um canhão vestido de periguete  do carro - praticamente em câmera lenta - e vai se despedir (!?!?!) pela janela do motorista... Pombas!!! (quase escapou um palavrão!) Nesse ínterim, os carros se acumulam atrás, as buzinas se fazem ouvir, o mundo gira, a maré sobe, desce, sobe... e mais um palavrão vira verbete no meu dicionário de palavras infames.

Ok. Mais um obstáculo ultrapassado. Ufa! Rio da minha mania de "Sr. Volante" e sigo em frente. No sinal, sou espremida por duas motos. Além do medo de assalto, fico relembrando minhas aulas de trigonometria e física, para calcular a área que tenho, deslocamento, fico me repetindo aquele lance de dois corpos não ocuparem o mesmo lugar no espaço... e rezo... o sinal abre, surgem mais uns três sei lá de onde e o apressadinho de trás, mesmo vendo meu sufoco para evitar a quebra de uma lei da física, vai com força na buzina de seu carro, me mandando sair da frente...

Saio, né... Perdi a razão quando buzinei lá atrás...

Aí, entra uma bicicleta na minha frente, com um projeto de mautorista no guidom, e uma pessoa resolve atravessar um sinal aberto pra mim, olhando com cara de "passa por cima que eu quero ver!".

Jesus, tire meu pé do acelerador!!!

Então respiro fundo... e acrescento mais um verbete do mal lá no livrinho negro (ops... sou Cypriano... melhor deixar esse lance de livro negro pra lá...). Enfim, invento um palavrão novinho em folha!

Na agência, tento estacionar, mas é impossível. Dá vontade de deixar o carro de novo em casa, mas resisto, pois sei que precisarei do carro por perto durante todo o dia... Ossos do ofício...

Então rodo, rodo, rezo pra alguém lembrar que esqueceu a panela de feijão no fogo, pegar o carro e me liberar uma vaga, até achar um espacinho pra mim.

Aí o dia acaba e resolvo ir pra casa. E me deparo com uma ruinha que mal dá para um carro passar... mas enfiaram um carro estacionado de cada lado e, logo depois um caminhão para fazer entrega pra um mercadinho menor que sua caçamba...

Caçamba!!! Haja!!!

Você vira na última rua antes de chegar no conforto de sua garagem e dá de cara, ou o outro lado, pra ser exata, de uma grávida brigando com o namorado e fazendo cena no meio da rua...

Meus sais...

Ando mais um cadinho e, quase lá, descubro que conseguiram fazer fila dupla na frente da minha garagem.
Não tenho que achar um motorista folgado e mal educado. São dois!!! E, claro, o primeiro demooora a aparecer, me obrigando a ouvir as grosserias de um cidadão que deve achar que ali o tal do E com um risco sobre ele nada mais é que uma limitação de vogais...

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