sábado, 5 de março de 2011

Mulheres X Homens... Por que não: Mulheres & Homens?

*por AR


"Homens são de Marte; Mulheres são de Vênus"
"Por que os Homens fazem Sexo e as Mulheres fazem Amor"
"Fazendo as Pazes com o Sexo Oposto"
...
...
Desde tempos imemoriais as mulheres querem entender os homens e vice-versa. Livros, Revistas, psicólogos, casais, programas de TV, documentários, minha avó, a caixa do supermercado tentam me explicar que homens e mulheres são diferentes.

Isso eu já sei. Sei também que a grande culpada desta diferença tão grande não é a fisiologia. É a criação. Claro que a segunda em grande parte é influenciada pela primeira. Na Idade da Pedra, quando o instinto correto determinava a sobrevivência de uma espécie inteira, era importante sim que o mais forte fisicamente, o macho, provesse a família. E que, a fêmea, capaz de gerar uma nova vida, fosse resguardada de algumas dificuldades. Em compensação, a fêmea sentia certas coisas e desconfortos que o macho não tinha a menor ideia. Ou seja, dentro desta lógica simplista, as tarefas eram bem divididas. Tanto que deu certo. Olha o mundo lotado aí...

Mas, fora esta questão fisiológica, que não tem jeito mesmo, por que somos tão diferentes? Por que a cultura mundial nos colocou em pé-de-guerra?

Por que, durante anos e anos, as mulheres foram apontadas como sexo frágil, pecadoras, imperfeitas, incapazes, indefesas, causadoras dos maiores estragos (vide Guerra de Tróia - pra todos os efeitos a culpa foi da pobre Helena, "só" porque era a mulher mais linda da época... fala sério...)? Eram elas as bruxas, as prostitutas, que tentavam e desviavam o homem, pobrezinho, do bom caminho. Eram instrumentos de Satã para acabar com a moral e desencaminhar as famílias...
Nunca engoli essa das prostitutas... Afinal, se não houvessem homens tão sedentos de sexo a ponto de pagar por ele, elas não existiriam... Quanto às feiticeiras... Bom... Existiam pessoas com o dom da cura. Ou pelo estudo das ervas e suas aplicações, ou pelo desvelo com que cuidavam de enfermos. Eram pessoas importantes e formadoras de opinião em suas regiões, o que com certeza geravam inveja nos incompetentes... Bom ressaltar que não eram só as mulheres que tinham esse dom. Só a fama ruim...

Mas para os homens, esse tipo de cultura também cobrou seu preço. E foi alto. Essa história de provedor da família é um peso e tanto para o sujeito carregar. Desde sempre o homem tem que ser o mais forte, o mais bem-sucedido, o mais inteligente, o mais audaz, o mais ágil, o que não pode demonstrar emoções... Se possível, o mais bonito e gostoso (embora o conceito de beleza masculina seja beeeeeeeeem mais elástico que o feminino). Caraca! Isso esgota qualquer um!

E eu queria saber: pra quê isso?

Ia ser tão mais fácil se as pessoas entendessem que, antes mesmo de seu gênero, são indivíduos com capacidades e incapacidades. Não necessariamente ditadas por uma cultura, um costume ou um governante, mas pela personalidade de cada um.

Mas desde pequenos, somos criados com um papel definido: coisas de menino e coisas de menina. Arrumar casa e organizar coisas não é tarefa de menino. Sujar-se brincando era permitido para eles, mas uma mocinha nunca... Meninos podiam perder coisas. Normal. Menino é assim mesmo. Meninas ficam de castigo. Meninos quebravam coisas. Mocinhas não podiam fazer isso. Meninos xingam. Meninas recitam poemas. Meninos brincam de guerra. Meninas de casinha...

Em compensação, meninos não podiam chorar. Não podiam ser carinhosos em demasia ou mesmo brincar de qualquer coisa. Meninas podiam se descabelar, de derreter por qualquer coisa, usar saia, calça, sapatinho boneca ou tênis; brincar de carrinho, jogar bola, subir em árvores ou mesmo de guerra.

Mesmo com o mundo muito mudado, quando nos tornamos adolescentes, as coisas pioram consideravelmente. E é o que define o comportamento na vida adulta.

Tenho orgulho da educação que meus pais nos deram. Papai, super carinhoso sempre, ajudava mamãe com a gente. Dava banho, fazia comida, brincava de qualquer coisa, comprava nossas roupas... Aliás, ele ditou minha moda e a da minha irmã até a adolescência. Até hoje ele é meu consultor de estilo! E tudo sem perder um pingo de masculinidade. Pelo contrário, na minha opinião. Chorava nas homenagens que fazíamos na escola.
Mamãe ensinou a nós quatro, duas meninas e dois meninos, a bordar, costurar, pintar, consertar coisas, construir, cozinhar. Tudo de mais necessário para nossa sobrevivência.
Os dois formavam uma equipe e tanto: Papai inventando as modas e Mamãe as colocando em prática. E todos aproveitamos tudo que tinha de bom nesta parceria!

Sem essa de meninos x meninas / homens x mulheres. Nossa filosofia sempre foi meninos & meninas / homens & mulheres. Muito melhor!

Mas o mundo tem que mudar muito para aceitar esse pequeno "&". Via de regra as pessoas preferem a disputa ao entendimento. Sei disso porque sofro na pele. Sou muito independente. Muito feminina no visual, gestos e sentimentos, mas masculina nas atitudes. Honestamente, nunca determinei o gênero das minhas características, mas as pessoas fazem tanto isto que eu mesma acabei rotulando. Embora, mantendo o bom senso, não tenha mudado nenhuma delas.

Se essa grande maioria que gosta mais do "X" do que do "&" percebesse que o diferencial está na cabeça e não no que há entre as pernas, o mundo seria um lugar muito mais interessante de se viver!

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